segunda-feira, 7 de maio de 2007

Diz-se viajar, lê-se Highway Wonderland

O percurso era longo e cheio de traços brancos iluminados pelos faróis, no leitor de CD iam passando algumas das minhas músicas favoritas para andar na estrada, neste momento tocava Judas Priest “Headding Out To The Highway, ajeito o volante de acordo com a trajectória, enquanto vou abanando a cabeça ao compasso da música. A noite está amena, o céu limpo deixa-me ver as estrelas, são 4h da manhã e quase não se vêm carros a passar. Espalhados pelos bancos do mono volume os restantes 3 companheiros de viajem dormem, se calhar acreditando que ainda estão na cama. Por mim podem dormir à vontade, melhor assim, sou eu, a estrada, o motor e a música, nada me faz mais feliz do que ir pela estrada fora. Mais quilómetro menos quilómetro e começo a vislumbrar aquilo que são os postos de controlo fronteiriço, Elvas ficou um pouco para trás com pena minha pois gosto da cidade. Atravesso a linha divisória e já começo a ouvir aquele “faladrar” característico das terras espanholas. Não que deteste toda a Espanha, até gosto do País Basco que gosta tanto de espanhóis quanto eu. Um café mais ou menos decente, ainda estamos perto do nosso burgo e os fulanos aprenderam connosco o que é uma bica bem tirada. O restante pessoal continuava a dormir, não faz mal, peguei de novo no volante e saí ao som de ZZ Top “Tush”, vamos lá a agitar o espírito. A estrada pouco difere das nossas actuais, uma boa auto-estrada, boa pista, iluminação e aqueles campos imensos, desertos, pontilhados aqui ou ali por umas casas. Madrid aqui vamos nós. A música não pára e eu também não, Joe Satriani “Surfing With The Allien”, Iron Maiden “Run To The Hills e AC/DC “ Highway To Hell”, isto é que é vida. Ainda faltam umas horas, algumas paragens, uns quantos cafés bem temperados com outros tantos cigarros. Uma garrafa de água, sandes e fruta sempre à mão, eis tudo quanto preciso para viajar. A Galaxy devora os quilómetros, 120, 180, 200Km por hora e mais uma música Judas Priest “Breaking The Law, meu Deus como eu adoro isto. Estas são as viagens que nunca fiz com nenhuma namorada, as mulheres na generalidade gostam de viajar mas com todas as comodidades. A paisagem mantém-se, um pouco mais clara com o amanhecer e parece quase de propósito que quando estamos a chegar a Madrid o que toca no CD é Blackfoot “Good Morning”. Aumento o volume quase no máximo e acordo a rapaziada, paramos para as usuais mijas de viajante, uns gracejos nada honrosos para os espanhóis e vamos tomar um pequeno-almoço à beira da estrada, na verdade num desses postos de apoio das auto-estradas. Atesta-se os depósitos, o do carro também e voltamos ao caminho, próxima paragem Burgos. Os meus companheiros, lentamente, voltam a adormecer, 7h da manhã para eles não é uma hora decente para se estar acordado.
A estrada para Burgos faz-se num instante, algumas horas e já estava a caminho de Vitória, a música agora é Whitesnake “Here I Go Again”, na verdade faz 15 anos que, ritualmente, por esta altura faço a viajem Lisboa/Frankfurt. Já a fiz pelo norte, centro e pelo sul, qualquer uma delas maravilhosa, muito embora pelo sul seja mais dispendioso, no sul é tudo mais caro. Mas todas estas viagens tiveram como objectivo estar na Frankfurt Messe, a maior feira da música na Europa. Lá existe de tudo o que se relacione com a música, instrumentos, peças, livros e ainda espectáculos ao vivo e os artistas mais famosos do mundo inteiro encontram-se lá pelos corredores e pavilhões. Tudo isto passa pela minha cabeça enquanto olho para a paisagem. O País Basco é a zona mais industrializada de Espanha e isso vê-se desde a estrada. Vitória é uma cidade enorme, mas eu só me acalmo quando surgem os primeiros cartazes a dizer Donóstia que em Etarra quer dizer San Sebastian. Esta cidade faz-me lembrar Cascais. Tem uma bonita marginal e uma baía fabulosa, nunca me canso de aqui vir. Escuto um tema dos Aerosmith “ I don’t Want To Miss A Thing” enquanto os meus olhos ávidos miram tudo como que a matar saudades e simultaneamente a certificarem-se que está tudo igual ás minhas recordações dos anos anteriores. Todo o mundo acordado, fomos dar uma volta pelos arredores. O tempo voa quando nos divertimos e a verdade é que acabámos por almoçar por ali mesmo. Já eram 14h quando voltámos à estrada, o som mudou entretanto, mais calmo, Scorpions “Always Somewhere”. Deixei-me embalar e adormeci. Em breve atravessaríamos para França, longas horas em terras francesas, os castelos do Loire, a cidade tecnológica, Paris. Aí pararíamos de certeza, é a minha cidade favorita. Depois seria Reims, Metz e a entrada na Alemanha. Umas quantas horas mais e chagaríamos a Darmstat, Mainz e Wisebaden a 20km de Frankfurt. Um bom banho, lavar as vistas pelas garotas locais, algumas bem feiinhas valha-nos Deus, umas salsichas e canecas de cerveja. Ainda me ecoa na cabeça a canção que tocava no CD quando chegámos: Alice Cooper “Welcome to My Nightmare”, mas na verdade este é o tipo de pesadelo que eu gosto. Cansado? Sim muito, mas a adorar cada minuto da viajem.
Neste momento só escuto as músicas, o barulho do motor na minha cabeça enquanto no pensamento surgem rostos, imagens e sentimentos que eu junto numa canção

Hit the road

The motor’s runnin’
There are clouds above my head
I’m ready to start the journey
To the path that leads out there.

My soul is full of deamons
From all those days of my life
But my heart can’t stop beating
Ready for another ride.

(Chorus)
Should I Given up
Shout and hit the road
Should I stand and face the pain
Sould I stay or go.

I shake my head with pride
I just straigthen up my body
Open road is awaiting me
Is just time to stop the crying

Sometimes life’s a bitch
But we learn and figure out
Sometimes things work diferent
Maybe sometimes not

(Chorus)

I believe in dreams
Believe in the strength of my heart
Love can be anywhere
Let just follow the road for start


PS nostalgias à parte eu vou iniciar aqui uns cartoons que baptizei de Afgholic Rock. O roqueiro é uma caricatura de mim próprio e o afegão são os meus dois canitos, a minha consciência. Em cada novo post, no final, incluirei um. Divirtam-se

12 comentários:

Anónimo disse...

oi,

belo post!
quase diria que estava diante da tela vendo Easy Rider, versão 4 rodas, sem as cenas chocantes e alucinadas...

pobres affies que mal fizeram a Deus, não bastava levarem com a música ró e agora são enxovalhados publicamente em cartoons duvidosos ;0)))

Go on, keeping travelling!

xi- xxxx

Van Dog disse...

ehehe... Cartoons sim!!

Afgane disse...

Kuska,
Esta é só uma pequena narrativa das muitas que poderia contar. Talvez um dia volte a este assunto com uma nova abordagem.
Essa dos cartões duvidosos é um bocado baixa, um insulto ao meu génio criativo...rsss. Eu que até estou a pensar em mudar o meu nome para EUgénio Simplício Modesto.
beijos

Afgane disse...

Caro Van Dog
Os cartoons são para continuar, vou procurar ir desenvolvendo gradualmente quem sabe se chegam a tiras diárias é um pensamento. Seja como for estou a falar de duas das coiss que mais amo: os meus afegãos e a música sempre.
Obrigado pela visita
Abraço

Teresa disse...

Que história é essa de as mulheres só gostarem de viajar cpom todas as comodidades? Eu adoro a estrada aberta à frente, a estender-se interminável, já falámos disso, ainda hei-de atravessar os EUA assim...

Só as músicas são diferentes.

Afgane disse...

Querida Teresa,
Peço perdão no que repeita à parte das mulheres eu deveria ter dito a maior parte das mulheres que conheci, excepção para uma ou duas. Aqui fica o meu pedido de desculpas. Quando escrevi isto nem pensei na Teresa pois sei do seu desejo de viajar estrada fora pelos EUA. Certamente que no seu caso as músicas serão outras, mas é natural. Como sabe eu sou um amante do rock mais pesadote (no meu tempo de jovem chamava-se Hard Rock) com muita guitarra à mistura. Mas cada um com as suas músicas, itenerários e destinos, o que importa é a estrada e já agora um bom carro ou moto.
Beijos

Anónimo disse...

tem de haver comodidades q.b. quando se viaja, a começar por um carro razoavelmente confortável e seguro. absolutamente essencial que tenha leitor de cd's. andar de carro sem música é desolador.

eu gosto de estradas secundárias daquelas que atravessam as povoações e que têm árvores formando túneis aromáticos sob os quais passamos desejando que não tenham fim!
estradas a perder de vista, sem nada em redor talvez nos E.U. pela grandiosidade...

mas sim gosto de descobrir novos caminhos!

xxx

CAP CRÉUS disse...

Já aqui tinha estado e deixado comentário.
Gostei e agora que vejo fotos de locais onde já estive..melhor ainda.
Juntar a isso, fotos e histórias de animais, não será preciso mais para cá voltar inúmeras vezes!
Obrigado

Afgane disse...

Kuskinha,
És uma romântica..rs vou-te arranjar um Rolls e motorista, um cartão de crédito ilimitado e guarda roupa a condizer acho que assim era a viajem da tua vida...rs
beijos

Afgane disse...

Cap Créus,
Volte sempre e comente quando desejar que o prazer é meu. Espero que continue a encontrar motivos de interesse. Eu não deixarei de aparecer pelo seu espaço que me cativou.
Abraço

Actriz Principal disse...

Pois ia eu comentar que nem todas as mulheres pensam apenas no conforto da viagem quando, à cautela, lá decidi ver os comentários, assim à laia de diagonal.

E tungas!, temos que a minha intuição não me enganou e há quem partilhe da minha opinião e gosto (Teresa, a minha querida Teresa).

Ao ler este post recordei umas férias que fiz com os meus pais e mana desde o Porto até Paris, de carro, com paragens em Barcelona, San Sebastian, Poitiers - para visitar o Futuroscope que, diga-se de passagem, me encantou mais do que a Eurodisney - Marselha (creio) e Paris... e mais outras belas localidades. Foi uma viagem excelente!

É bom viajar de avião e chegar ao destino depressinha. Mas também é muito agradável saborear o caminho, desfrutar da paisagem, das paragens, da companhia, música, comida...

Gostei de o ler!
Beijinhos!

Afgane disse...

Olá Actriz Pricipal,
Agradeço o comentário e rectifico a minha afirmação sobre as mulheres, existem muitas que gostam de viajar de carro!! Está dito. Ainda bem que teve a possibilidade de fazer essa viajem que tanto prazer lhe deu. Eu viajei muito, quase por toda a Europa, Estados Unidos e Ásia, hoje sinto-me cada vez mais europeu e nunca me canso de ir estrada fora. Cada vez que passo por um dos países em que já estive descubro sempre coisas novas.
Mas nova, eternamente jovem é a minha cidade favorita depois de Lisboa, a minha sempre jovem Paris.
beijos