domingo, 4 de novembro de 2007

MOLOC uma banda, uma recordação

Foi no início de 1992 que conheci os elementos que mais tarde, conjuntamente comigo, formariam os MOLOC. Inicialmente fui convidado para ir a uma sala de ensaios dar uns toques com uns amigos. Quando lá cheguei vi tratar-se de uma banda de miúdos inexperientes mas com muita garra e vontade de ir longe. Acabei por ser convidado para me juntar a eles o que aceitei de imediato.
No começo existiam três canções alinhavadas e partimos daí. Coincidente mente o período dos Moloc, foi um dos mais prolíferos em matéria de escrita de toda a minha carreira. Sempre fui muito criativo em todas as bandas em que participei, mas com os Moloc tudo foi diferente. Lembro-me que escrevia canções em casa, na sala de ensaios e até ao volante do carro. Em breve o grupo contava com mais de 18 temas todos diferentes e que aumentavam de dia para dia.
Inicialmente a banda compunha-se do Bruno Vale na voz, um roqueiro com queda para o hardcore, o Tó Rui no baixo, este era o ai Jesus das garotas sempre com o seu ar de Calimero e de quem não parte um prato. O Miguel na guitarra. Este jovem encarnava bem o papel de rock star, excepção feita no que toca a manter o material em condições e que regra geral falhava sempre durante as actuações. Na bateria tínhamos o Pedro Gorgeia. O Pedro era o puto reguila, mandava vir com tudo e com todos e para ele nada estava bem, apesar disso era um excelente e seguro baterista.


No verão de 1992 estreámos o grupo ao vivo. Até esse dia nunca nenhum dos garotos tocara ao vivo e na verdade todos estávamos um pouco apreensivos e ansiosos. A estreia aconteceu num bar em Vila Nova de Milfontes e garanto que o primeiro tema composto por 2 minutos e 90 foi tocado apenas nos primeiros cinco segundos e depois parou toda a gente. A partir daí tudo correu bem e a banda nunca mais parou de tocar.

Adoptámos o nome de Moloc por unanimidade. Moloc é o deus da fertilidade cananaico e a palavra significa também rei. Usando esta simbologia criei o logo da banda e um cartaz oficial que reproduzo neste post. Um preservativo furado de onde surgimos nós.
Tocámos um pouco por todo o lado mas a nossa base era o Ruína Bar no Estoril, ali era tocar em casa e todos os meses lá estávamos quer com concertos quer com Jam Sessions.
Foi este o grupo de pessoas que entrou no estúdio Tcha Tcha Tcha de ramon Galarza para gravar uma demo com oito músicas (não havia dinheiro para mais). Agora imaginem, um grupo de jovens que nunca tinham visto um estúdio e eu já com imensa experiência no meio deles. Foi hilariante. Felizmente tivemos o bom senso de registar tudo em vídeo e hoje desfrutarmos no calor das nossas poltronas esses momentos.
Por motivos variados alguns elementos saíram e outros entraram para o seu lugar, no baixo o Nuno Escabelado entrou e para a bateria o PêPê. Seria esta a formação que encerraria o ciclo de vida da banda. São desta última versão as fotos que ilustram este artigo, bem como os dois vídeos (em mau estado, sofríveis) que incluo.
Passei por várias bandas e projectos, mas hoje reconheço que os Moloc foram o projecto em que mais de mim dei e aquele que maior prazer me proporcionou.