
O percurso era longo e cheio de traços brancos iluminados pelos faróis, no leitor de CD iam passando algumas das minhas músicas favoritas para andar na estrada, neste momento tocava Judas Priest “Headding Out To The Highway, ajeito o volante de acordo com a trajectória, enquanto vou abanando a cabeça ao compasso da música. A noite está amena, o céu limpo deixa-me ver as estrelas, são 4h da manhã e quase não se vêm carros a passar. Espalhados pelos bancos do mono volume os restantes 3 companheiros de viajem dormem, se calhar acreditando que ainda estão na cama. Por mim podem dormir à vontade, melhor assim, sou eu, a estrada, o motor e a música, nada me faz mais feliz do que ir pela estrada fora. Mais quilómetro menos quilómetro e começo a vislumbrar aquilo que são os postos de controlo fronteiriço, Elvas ficou um pouco para trás com pena minha pois gosto da cidade. Atravesso a linha divisória e já começo a ouvir aquele “faladrar” característico das terras espanholas. Não que deteste toda a Espanha, até gosto do País Basco que gosta tanto de espanhóis quanto eu. Um café mais ou menos decente, ainda estamos perto do nosso burgo e os fulanos aprenderam connosco o que é uma bica bem tirada. O restante

pessoal continuava a dormir, não faz mal, peguei de novo no volante e saí ao som de ZZ Top “Tush”, vamos lá a agitar o espírito. A estrada pouco difere das nossas actuais, uma boa auto-estrada, boa pista, iluminação e aqueles campos imensos, desertos, pontilhados aqui ou ali por umas casas. Madrid aqui vamos nós. A música não pára e eu também não, Joe Satriani “Surfing With The Allien”, Iron Maiden “Run To The Hills e AC/DC “ Highway To Hell”, isto é que é vida. Ainda faltam umas horas, algumas paragens, uns quantos cafés bem temperados com outros tantos cigarros. Uma garrafa de água, sandes e fruta sempre à mão, eis tudo quanto preciso para viajar.

A Galaxy devora os quilómetros, 120, 180, 200Km por hora e mais uma música Judas Priest “Breaking The Law, meu Deus como eu adoro isto. Estas são as viagens que nunca fiz com nenhuma namorada, as mulheres na generalidade gostam de viajar mas com todas as comodidades. A paisagem mantém-se, um pouco mais clara com o amanhecer e parece quase de propósito que quando estamos a chegar a Madrid o que toca no CD é Blackfoot “Good Morning”. Aumento o volume quase no máximo e acordo a rapaziada, paramos para as usuais mijas de viajante, uns gracejos nada honrosos para os espanhóis e vamos tomar um pequeno-almoço à beira da estrada, na verdade num desses postos de apoio das auto-estradas. Atesta-se os depósitos, o do carro também e voltamos ao caminho, próxima paragem Burgos. Os meus companheiros, lentamente, voltam a adormecer, 7h da manhã para eles não é uma hora decente para se estar acordado.

A estrada para Burgos faz-se num instante, algumas horas e já estava a caminho de Vitória, a música agora é Whitesnake “Here I Go Again”, na verdade faz 15 anos que, ritualmente, por esta altura faço a viajem Lisboa/Frankfurt. Já a fiz pelo norte, centro e pelo sul, qualquer uma delas maravilhosa, muito embora pelo sul seja mais dispendioso, no sul é tudo mais caro. Mas todas estas viagens tiveram como objectivo estar na Frankfurt Messe, a maior feira da música na Europa. Lá existe de tudo o que se relacione com a música, instrumentos, peças, livros e ainda espectáculos ao vivo e os artistas mais famosos do mundo inteiro encontram-se lá pelos corredores e pavilhões. Tudo isto passa pela minha cabeça enquant

o olho para a paisagem. O País Basco é a zona mais industrializada de Espanha e isso vê-se desde a estrada. Vitória é uma cidade enorme, mas eu só me acalmo quando surgem os primeiros cartazes a dizer Donóstia que em Etarra quer dizer San Sebastian. Esta cidade faz-me lembrar Cascais. Tem uma bonita marginal e uma baía fabulosa, nunca me canso de aqui vir. Escuto um tema dos Aerosmith “ I don’t Want To Miss A Thing” enquanto os meus olhos ávidos miram tudo como que a matar saudades e simultaneamente a certificarem-se que está tudo igual ás minhas

recordações dos anos anteriores. Todo o mundo acordado, fomos dar uma volta pelos arredores. O tempo voa quando nos divertimos e a verdade é que acabámos por almoçar por ali mesmo. Já eram 14h quando voltámos à estrada, o som mudou entretanto, mais calmo, Scorpions “Always Somewhere”. Deixei-me embalar e adormeci. Em breve atravessaríamos para França, longas horas em terras francesas, os castelos do Loire, a cidade tecnológica, Paris. Aí pararíamos de certeza, é a minha cidade favorita. Depois seria Reims, Metz e a entrada na Alemanha. Umas quantas horas mais e chagaríamos a Darmstat,

Mainz e Wisebaden a 20km de Frankfurt. Um bom banho, lavar

as vistas pelas garotas locais, algumas bem feiinhas valha-nos Deus, umas salsichas e canecas de cerveja. Ainda me ecoa na cabeça a canção que tocava no CD quando chegámos: Alice Cooper “Welcome to My Nightmare”, mas na verdade este é o tipo de pesadelo que eu gosto. Cansado? Sim muito, mas a adorar cada minuto da viajem.
Neste momento só escuto as músicas, o barulho do motor na minha cabeça enquanto no pensamento surgem rostos, imagens e sentimentos que eu junto numa canção

Hit the road
The motor’s runnin’
There are clouds above my head
I’m ready to start the journey
To the path that leads out there.
My soul is full of deamons
From all those days of my life
But my heart can’t stop beating
Ready for another ride.
(Chorus)
Should I Given up
Shout and hit the road
Should I stand and face the pain
Sould I stay or go.
I shake my head with pride
I just straigthen up my body
Open road is awaiting me
Is just time to stop the crying

Sometimes life’s a bitch
But we learn and figure out
Sometimes things work diferent
Maybe sometimes not
(Chorus)
I believe in dreams
Believe in the strength of my heart
Love can be anywhere
Let just follow the road for start
PS nostalgias à parte eu vou iniciar aqui uns cartoons que baptizei de Afgholic Rock. O roqueiro é uma caricatura de mim próprio e o afegão são os meus dois canitos, a minha consciência. Em cada novo post, no final, incluirei um. Divirtam-se