sexta-feira, 22 de junho de 2007

A guitarra sempre em tranformação

Já anteriormente falei de guitarras neste blog, muito embora num outro contexto e com objectivo diferente. A razão deste post prende-se com a criatividade, o design e a evolução do tradicional para o futurismo.

Tanto quanto se sabe a guitarra é um instrumento com pelo menos 5 mil anos ou assemelha-se a instrumentos existentes na Ásia Central e que aparecem retratados em antigos alto-relevos e estátuas Persas. A irmã mais próxima da conhecida guitarra acústica dos nossos dias surgiu por volta do século IX em Espanha. Não se sabe muito bem toda a história deste instrumento muito embora as duas teorias mais em evidência centram-se nos períodos romano e o árabe.
Segundo alguns historiadores a guitarra deriva de um instrumento grego denominada Khetara que os romanos adoptaram chamando-lhe cítara ou fadícula. A sua introdução na Península Ibéria ocorreria por volta do século I sob o império de Roma. Muito embora o instrumento em questão fosse muito semelhante à lira as duas hastes de lira fundiram-se formando uma caixa acústica e foi-lhe posteriormente acrescentado um braço com 3 cravelhas, braço esse que tinha divisões transversais, trastes.

Como segunda hipótese alvitra-se que a guitarra deriva directamente de um instrumento árabe conhecido por alaúde, nome originado da palavra al ud que significa a madeira. Teria sido durante as invasões árabes que o instrumento chegou à Península e por cá ficou enraizando-se na cultura. A verdade é que existiam alaúdes nas cortes de diversos reis e os trovadores são retratados empunhando alaúdes. Na minha modesta opinião e sem qualquer tentativa de me afirmar como especialista, tendo construído várias guitarras e conhecendo o alaúde quase afirmo serem farinha do mesmo saco, mas é apenas uma opinião.

Questões históricas à parte, a verdade é que a guitarra se espalhou pelo mundo inteiro e rapidamente se popularizou. Este instrumento acompanhou as diversas correntes musicais de cada época e ajudou a perpetuar alguns como o flamengo, por exemplo. Por volta de 1930 a Rickenbacker criou o primeiro captador magnético (pickup) e nasceu a guitarra eléctrica chamada Frying Pan ( frigideira).

Os anos seguintes foram de constante evolução e várias foram as marcas que se destacaram, mas em termos de relevo duas revolucionariam para sempre a guitarra eléctrica e entrariam na história como ícones. A Fender com a sua Stratocaster e a Gibson com a Les Paul. Dois modelos de corpo sólido que originaram milhões de cópias e do qual descendem praticamente todos os modelos actuais. Apesar da Stratocaster ser até hoje o expoente máximo pois as suas características e design ainda continuam actuais, é guitarra mais usada em publicidade e é a mais conhecida em todo o mundo.
Depois da Fender e da Gibson outras marcas avançaram também com as suas próprias ideias e de modelo em modelo as novidades foram surgindo. Cronologias à parte se a Fender inventou os captadores simples (single coils) a Gibson inventou os duplos (hambuckers) e posteriormente alguns Luthiers independentes foram inventado o resto.

Talvez a primeira personalização tenha sido ao nível da pintura dos instrumentos, os finais dos anos sessenta com a cultura Hippie foram pródigos nessa matéria. Por volta de 1970 Larry DiMarzio cansado do som do seu captador PAF da Gibson resolveu basear-se nele para criar o Super Distortion um captador mais potente, semelhante ao modelo que usou como ponto de partida e que podia instalar-se em qualquer guitarra. Este produto teve tanto sucesso que originou a DiMarzio Inc. Estava inventada a indústria dos captadores e não tardaram a surgir novos fabricantes e ideias originais. Floyd Rose inventou o tremolo flutuante de duplo travamento, dispositivo que ostenta o seu nome e que veria a sua utilização em massa durante os tempos áureos da guitarra dos anos oitenta.

E tem sido assim até aos nossos dias de invenção em invenção, de inovação em inovação, a guitarra tal como a conhecíamos nunca mais foi a mesma, muito embora continue a existir muito tradicionalismo e não menos revivalismo no que respeita à indústria e consumidores.
Ao longo dos anos a oferta aumentou significativamente e os preços das guitarras tornaram-se mais acessíveis. O poder de compra também aumentou e isso permitiu que se abrissem novas frentes de negócio. Durante os anos oitenta assistiu-se a uma revolução no que diz respeito à forma de tocar, ao som e também à personalização de instrumentos. Marcas como a Charvel, a Jackson e a Ibanez expandiram os horizontes da guitarra e em colaboração com uma nova vaga de jovens músicos criaram verdadeiras pérolas da indústria. Jimi Hendrix foi e ainda é o mago da guitarra eléctrica, mas durante os anos oitenta Eddie Van Halen com o seu estilo personalizado abriu as portas a novas correntes. Foi nesta época que surgiram nomes como Randy Rhoads (já falecido) que juntou escalas de clássico ao heavy metal, Yngwie J. Malmsteen o expoente máximo da velocidade e música clássica na guitarra eléctrica, Steve Vai o alien, Steve Morse o guitarrista mais completo à face da terra e a lista continuaria infindável.

Para resumir, hoje tudo se faz em guitarra, novos materiais, a possibilidade de desenhar ou construir o nosso próprio modelo, pinturas extraordinárias: cada instrumento é uma obra de arte.
Perguntarão muitos de vós: Tudo isto só para fazer música?
É verdade. Tal como personalizamos a nossa casa, os nossos carros e muitas outras coisas, também em certas áreas da música a personalização é um ponto de honra onde se cruza o tradicional com o mais puro futurismo, mesmo que nem sempre o mais prático.

7 comentários:

V. disse...

Os instrumentos musicais e eu: nunca nos soubemos relacionar. Gosto muito de ouvir, mas tocar sou uma nódoa total. Li apenas um a parte do que publicaste, mais logo regresso para ler o resto :)

Beijinhos

Anónimo disse...

oi!
consegui ler o artigo todo e fi-lo com muita atenção.
dá para perceber que conheces muito bem o assunto, o que não é de admirar...
sorte a minha por já estar familiarizada com os nomes, a função de algumas componentes da guitarra e os extras que são usados para obter diferentes efeitos sonoros.
de contrário ficaria um pouco perdida e esmagada com tanta informação.

boa escolha de fotos como complemento!

beijinhos xxxx

Anónimo disse...

PFUUU....

essas guitarras são muio esquisitas, gosto mais das do meu amigo Affie.
e o Rock não vai ficar contente com a concorrência!

slap's desdenhosos ;0(

beleza de mulher disse...

belos instrumentos , mas nisto tudo gostei foi dos rafeirinhos que estão na imagem, os cães heheheheh

Van Dog disse...

Não fazia ideia que o mundo das guitarras era tão rico...
(tens uma nomeação - com continuidade opcional - no meu blog)

Carracinha Linda! disse...

É sempre bom ficarmos a saber mais sobre a história da guitarra.

Alguns dos modelos apresentados são muito esquisitos, mas originais.

Afgane disse...

Thunderlady,
Nem todos podemos tocar, apesar de se tratar apenas de persistência e disciplina. Claro que a força de vontade ajuda.

Kuska,
Sabes que não sei viver sem guitarras e que isto tem sido uma constante em quase toda a minha vida. Muito mais haveria para dizer, mas o melhor é escrever um livro.
Beijos

Marla,
Tal como eu o Affie e o Rock estão de férias mas voltam em breve.
Chleps

Beleza de mulher,
Os rafeirinhos são os meus patudões lindos,o Ikbal e o Bahari, galgos afegãos.

Van Dog,
Isto das guitarras é um mundo em constante transformação e que ninguém sabe onde irá parar.
Obrigado pela nomeação que apreciei.
Abraço

Carracinha,
Pois é, concordo que alguns modelos são muito estranhos, mas ainda há pior do que as fotos que coloquei. Tal como acontece com quase tudo os gostos variam e a imaginação não tem limites.