O rock musculado e duro sempre foi uma área mais explorada pelo elemento masculino, mas isso não quer dizer que as mulheres deixassem de fazer incursões nesses terrenos. Normalmente o papel feminino nas bandas de rock estava confinado a serem vocalistas ou fazer parte dos coros e nada mais. Mesmo assim nem em todos os géneros era aceite uma mulher, o Hard Rock e o Heavy metal eram a música dos machos e ponto final. Gradualmente as coisas foram mudando…


Nos finais dos anos sessenta Janis Joplin tornou-se um ícone e emancipou o papel da mulher no rock. Muito embora a área dela fossem os blues muitos dos temas hoje incluem-se numa vertente bem mais forte. Graças a Janis muitas garotas começaram a despontar para a música enquanto outras já lá andavam. Falar de mulheres no rock obriga a mencionar nomes como Tina Turner ou até mesmo Cher, verdadeiras percursoras daquilo que se seguiria e que ainda hoje se mantêm bastante activas.

Na década de setenta estávamos em plena expansão do rock e no vértice
da explosão de bandas de todo os géneros dos Kiss aos Deep Purple nasceu de tudo um pouco. Foi a era do Heavy Metal (primeira vaga), o Hard Rock, Country Rock e até do rock sinfónico, era rock para todos os gostos. Foi durante estes anos que surgiu a primeira banda totalmente feminina, The Runaways (Sandy West - Joan Jett - Cherie Currie - Lita Ford). A força do grupo assentava nas guitarras de Joan e Lita, sendo que a primeira era a vocalista de serviço. O grupo teve uma carreira bastante recheada de sucesso até à sua separação. Joan Jet funda os Blackhearts e segue em frente o mesmo faz Lita Ford, ambas ainda no activo. As Runaways vieram demonstrar que as mulheres podem fazer bom rock, mesmo duro, e tocam instrumentos tão bem como qualquer homem, até aqueles que eran domínio masculino, como a bateria. No campo das bandas femininas ainda me merece destaque os Heart, as manas Wilson que apesar dos anos continuam a fazer bom rock.


Desde há muito que era frequente ver-se uma mulher acompanhada da sua guitarra acústica, mas eléctrica era uma raridade. Talvez Lita Ford tenha sido a que melhor demonstrou saber como usar uma guitarra eléctrica e ganhou o respeito dos homens por isso.
Abertas as portas os finais de setenta e todos os anos oitenta assistiram ao emergir de uma nova vaga de mulheres no rock desde guitarristas a vocalistas elas ocuparam o seu espaço e deixaram a sua marca na história. Lembro-me das Rock Godess, Lee Aaron, Pat Benatar, Vixen, Suzy Quattro e por cá os Roquivários com a Midus no baixo e voz, estas as mais antigas cujas carreiras ocuparam os anos oitenta com o ressurgimento do rock mais pesadote e da rainha guitarra. Foi o despontar de excelentes guitarristas femininas, Jennifer Batten um dos exemplos mais fulgurantes e cuja técnica de execução deixa muitos homens de olhos em bico (e uma conhecida foto promocional dela também he he he). Durante muito tempo ela é a guitarrista de referência de Michael Jackson, anos mais tarde integraria a banda de Jeff Beck.

Os anos noventa trouxeram novas bandas femininas: Veruca Salt (o meu coração ainda suspira pela minha amiga Louise), L7, Anti-hero, Jaggedy Ann e cá no burgo as Black Widows. O conceito de só para macho desapareceu e há cada vez mais mulheres (Graças a Deus, antes eram só cabeludos e barbudos) a tocar em bandas. É certo que o rock pesado ainda contém muito de masculino, mas as coisas já não são o que eram. Perdoem as omissões pois muitos mais nomes haveria para acrescentar e muito mais para ser dito, mas isso não seria para um post pois ocuparia um livro inteiro.
ADENDA
Não poderia acabar este post sem uma enorme referência: CAMERAMAN METÁLICO
Ele é o fotógrafo português mais conhecido internacionalmente no mundo da música e dos músicos. O António Melão já andava de máquina em punho no concerto dos Genesis e daí para cá nunca mais parou. Em 1987 adopta o nick pelo qual é conhecido e desde então tem sido um corropio de fotografar cá pelo burgo e por esse mundo fora. Um concerto, showcase, uma banda que precisa de fotos, podem contar com o Cameraman Metálico. Meu amigo, meu companheiro de muitas aventuras passadas e sabe-se lá as que estão para vir, admiro a pessoa, o seu trabalho irrepreensível e fabuloso, mas acima de tudo admiro aquele que com o seu espírito nos faz sentir bem. É engraçado como este "jovem" consegue estar lá na frente de qualquer banda e abanar-se entusiasticamente ao sabor da música, vibra, faz parte da própria multidão e ao mesmo tempo diferencia-se pela capacidade que tem em entusiasmar os outros. Vi o Camera pedir muitos autógrafos a gente famosa, mas o que mais me espantou é que muitos famosos quiseram o autógrafo dele e isto já para não falar nas dezenas de pessoas que quando o reconhecem nos concertos lhos pedem. Este rapaz é uma estrela por si só.
As fotos que aparecem mesmo no final do post são dele, do seu arquivo pessoal e que gentilmente me cedeu. Tenho muitas fotos do Camera, uma parede delas, são o meu contributo para com os muitos momentos que partilhámos. Espero um dia escrever o livro com todos esses relatos e outros ilustrado com as fotos do Camera. Por tudo eu lhe agradeço aqui publicamente com um grande abraço

Aqui vos deixo uma foto do Cameraman Metálico na companhia de um Franciscano, estava certamente a confessar-se para cumprir uma penitência no mínimo de 3 cervejolas e uma sandocha de torresmos.