Há dias em que tudo parece fora do lugar. Miro em redor e a insatisfação cresce, nada me parece entusiasmar, sinto-me como que perdido num país e num lugar que pouco o nada me diz.
Olho em volta e não sinto qualquer afinidade com o momento actual, não me sinto pertencer a onde me encontro, nem com o meio em que me movimento. Estas pessoas não são a minha gente, não partilham dos meus ideais e aquilo de que falam não me diz nada. Vivem as suas vidas de forma segura, sem arriscar alterar as suas monótonas existências e submetendo-se sucessivamente ao sistema.
Hoje mais do que nunca sinto saudades da estrada, do palco, da liberdade e da alegria. Sinto saudades do cheiro a fresco pela madrugada, do riso saudável ao redor de uma mesa cheia de copos de cerveja acompanhados daquelas histórias que só conta quem anda na estrada. Há dias, uns mais do que outros, em que olhamos para as pessoas à nossa volta e parecem-nos como que saídos de um qualquer filme que não o nosso. Nessas alturas sentimo-nos sós. Imaginam o que é sentir uma infinita solidão mesmo quando estamos rodeados de pessoas? É isso que eu sinto. Sinto-me vazio.
Abro o baú das memórias, armário de recordações e artefactos. O meu chapéu de cowboy com as botas a condizer, as minhas calças de cabedal… as guitarras. Surge uma estrada infinita ante os meus olhos, uma sede de zarpar rumo ao desconhecido e ao encontro do imprevisto. Uma viajem sem destino, sem rumo traçado nem a segurança de um hotel no final da etapa. Novas paragens, outras gentes que nos olham de soslaio com desconfiança – mais um drogado, pensam – e nós sorrindo vamos caminhando ao longo da rua ao encontro de uma praça onde assentar arraias e a troco de umas quantas canções, tocadas naquela mesma guitarra que já tantos quilómetros percorreu, ganhamos algumas moedas que nos garantem o alimento e combustível para mais uma etapa.
Não há falsidades, status, impostos, vida social estereotipada.
Nunca fui do tipo de manter amizades. Acho graça aqueles grupos que vêm desde infância ou do liceu e se mantêm em contacto anos a fio. Eu sou como o vento, apareço e permaneço durante algum tempo e depois vou embora em busca de novos horizontes. Não deixo contacto e raramente volto atrás a menos que fique algo por dizer ou por fazer, na maior parte dos casos desapareço sem deixar rasto. Sempre fui assim e acho que nunca vou mudar. Nunca gostei muito de certo tipo de amarras, muito embora reconheça que existem amarras que são âncoras nas nossas vidas e essas devemos conservar. Passei por inúmeros lugares, ocupei determinadas posições, algumas de grande destaque, fiz tantas coisas… onde andarão todas as pessoas que conheci? Será que ainda se lembram de mim como eu delas? Talvez…
Espero que um dia aqueles que me conheceram me recordem como uma brisa que passou e que vive para sempre nos braços do vento… livre por toda a eternidade.
Olho em volta e não sinto qualquer afinidade com o momento actual, não me sinto pertencer a onde me encontro, nem com o meio em que me movimento. Estas pessoas não são a minha gente, não partilham dos meus ideais e aquilo de que falam não me diz nada. Vivem as suas vidas de forma segura, sem arriscar alterar as suas monótonas existências e submetendo-se sucessivamente ao sistema.
Hoje mais do que nunca sinto saudades da estrada, do palco, da liberdade e da alegria. Sinto saudades do cheiro a fresco pela madrugada, do riso saudável ao redor de uma mesa cheia de copos de cerveja acompanhados daquelas histórias que só conta quem anda na estrada. Há dias, uns mais do que outros, em que olhamos para as pessoas à nossa volta e parecem-nos como que saídos de um qualquer filme que não o nosso. Nessas alturas sentimo-nos sós. Imaginam o que é sentir uma infinita solidão mesmo quando estamos rodeados de pessoas? É isso que eu sinto. Sinto-me vazio.
Abro o baú das memórias, armário de recordações e artefactos. O meu chapéu de cowboy com as botas a condizer, as minhas calças de cabedal… as guitarras. Surge uma estrada infinita ante os meus olhos, uma sede de zarpar rumo ao desconhecido e ao encontro do imprevisto. Uma viajem sem destino, sem rumo traçado nem a segurança de um hotel no final da etapa. Novas paragens, outras gentes que nos olham de soslaio com desconfiança – mais um drogado, pensam – e nós sorrindo vamos caminhando ao longo da rua ao encontro de uma praça onde assentar arraias e a troco de umas quantas canções, tocadas naquela mesma guitarra que já tantos quilómetros percorreu, ganhamos algumas moedas que nos garantem o alimento e combustível para mais uma etapa.
Não há falsidades, status, impostos, vida social estereotipada.
Nunca fui do tipo de manter amizades. Acho graça aqueles grupos que vêm desde infância ou do liceu e se mantêm em contacto anos a fio. Eu sou como o vento, apareço e permaneço durante algum tempo e depois vou embora em busca de novos horizontes. Não deixo contacto e raramente volto atrás a menos que fique algo por dizer ou por fazer, na maior parte dos casos desapareço sem deixar rasto. Sempre fui assim e acho que nunca vou mudar. Nunca gostei muito de certo tipo de amarras, muito embora reconheça que existem amarras que são âncoras nas nossas vidas e essas devemos conservar. Passei por inúmeros lugares, ocupei determinadas posições, algumas de grande destaque, fiz tantas coisas… onde andarão todas as pessoas que conheci? Será que ainda se lembram de mim como eu delas? Talvez…
Espero que um dia aqueles que me conheceram me recordem como uma brisa que passou e que vive para sempre nos braços do vento… livre por toda a eternidade.