segunda-feira, 28 de maio de 2007

O meu mundo amarelo

Existe cor em quase tudo o que nos rodeia e não há maior diversidade de cores do que aquelas que encontramos na natureza, mas se experimentarmos perguntar a qualquer pessoa qual a sua cor favorita, a preferência recai sobre o azul. Na minha opinião, esta unificação em torno do azul nasce com a introdução em massa da ganga (hoje diz-se jeans) no nosso vestuário. Na década de setenta ganga era a peça essencial do vestuário da maioria dos jovens, calças, coletes, blusões, camisas e até ténis, havia de tudo e todos usavam. A ganga era inevitavelmente azul ou branca e as grandes marcas do meu tempo era a Levis Strauss, Lee, Wrangler, isto apenas citando as de que tenho memória. A verdade é que essa moda perdurou até aos nossos dias e ainda hoje a ganga faz parte integrante do vestuário de muitos de nós nem que seja aos fins-de-semana. Acredito que seja por este factor que o azul se tornou a cor dominante nas preferências de tanta gente. E as outras cores?
Já muitas vezes reflecti sobre os motivos que nos levam a gostar mais de umas cores do que de outras, em parte será instintivo, mas acredito que certos factores exteriores nos podem induzir a gostar de cores que até então nos passavam completamente despercebidas. Será? Ou isso só acontece comigo?
Norma geral gosto de cores vivas, cores alegres que simbolizem vida e luz, maneira de ser. Entre os meus tons favoritos estão os pastéis e o branco. Gosto de fazer contrastes entre outras cores e o branco. Mas confesso que actualmente adoro o amarelo…
Tudo começou em 1991, início de um dos piores períodos da minha vida quer a nível sentimental quer a nível económico. Depois de ter sofrido inúmeros revezes da sorte e de ter perdido a confiança em pessoas que julgava serem a toda a prova, confesso que subsistiu uma imensa amargura e um total desinteresse por quase tudo. Dividia os meus dias entre o trabalho, tratar da vida doméstica, ler e ver televisão, na maior parte das vezes por volta das 21h estava na cama onde procurava ler qualquer coisa e sonhar com dias melhores. Lembro-me que estava a ser doloroso. Para fazer face a determinadas despesas vi-me na necessidade de me desfazer de parte do equipamento que possuía, guitarras e amplificadores maioritariamente. Fiz vários negócios, através de um amigo que tinha muitos conhecimentos, alguns mais lucrativos do que outros confesso. Um dia, a propósito da venda de um amplificador de estimação, o tal amigo apareceu na minha casa com uma proposta de um comprador: o fulano pagaria uma grande parte em dinheiro e outra com uma guitarra. O dinheiro fazia-me falta e uma guitarra é relativamente fácil de vender, por isso senti-me tentado a aceitar. Só que havia um ligeiro problema, a guitarra era amarela, não um qualquer amarelo mas quase fluorescente. Na verdade a cor é denominada Desert Sun Yellow e a marca Ibanez. Aí recuei um pouco, o amarelo, confesso, não era na altura uma das minhas cores de eleição, aliás nem lhe ligava nenhuma, diga-se em abono da verdade. Vendo-me vacilar no negócio, o meu amigo abriu o estojo da guitarra e lá estava, sobre fundo totalmente preto aquela coisa amarelo brilhante. O meu amigo disse-me – “Olha fica com ela uns dias para ver se gostas, se não gostares pensamos noutra solução”- a verdade é que o instrumento ficou.
No dia a seguir à conversa lá decidi dar uma olhadela ao instrumento. Na verdade aquele amarelo vivo sobre o fundo negro cativou a minha atenção, nem sei bem porquê, talvez o contraste. Comecei por inspeccionar as madeiras, depois as partes mecânicas e finalmente a electrónica e os acabamentos, tudo irrepreensível. Toquei um pouco com ela desligada para ouvir o som das madeiras e finalmente liguei-a ao amplificador. A verdade é que fiquei totalmente impressionado com a guitarra e graças a ela voltei a sentir-me vivo. Acabei por concretizar o negócio e desde aí não mais parei de tocar naquela guitarra amarela. Alguns meses mais tarde voltei para a música em termos profissionais e a minha guitarra amarela tornou-se uma imagem de marca que dura até aos dias de hoje, de tal forma que se alguém aparece com uma guitarra amarela todos pensam que fui eu que emprestei a minha. A minha Lady DY é o meu cartão de visita e graças a ela tenho tido momentos inolvidáveis, o carinho que sinto por ela é do tamanho do mundo tantas coisas vivemos juntos. Nos momentos mais duros e solitários foi tocando nela que ganhei forças, nos momentos mais felizes foi tocando nela que festejei, em parte, esta guitarra representa a minha vida. Já tive muitas guitarras, umas foram e outras vieram, algumas ficaram outras não. Hoje tenho apenas dez, mas de todos eles a número um é a minha Lady Dy o meu único e verdadeiro primeiro amor. Graças a ela aprendi a gostar de amarelo e hoje adoro coisas amarelas, mais do que roupas. A vida tem destas coisas, pequenos nadas transformam muito a forma como vimos ou gostamos do que nos rodeia. Hoje sei que o ano de origem da minha guitarra é 1987 que se trata de um modelo de sucesso à escala mundial e que a marca lançou agora um instrumento rigorosamente igual em edição especial. Trata-se da Ibanez RG550DY, série limitada com estojo em amarelo igual à guitarra. Penso que vou ficar com uma para mim, mas vou precisar de dois estojos he he he.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Eu desisti de tocar para já...

É sempre difícil falarmos de nós, pelo menos nos termos em que outros falariam. Este post destina-se mais às várias pessoas, amigos e colegas que não param de me perguntar porque é que não faço mais nada com a música. Espero que fiquem esclarecidos.
Não faz muito tempo, vinha eu ao volante do meu carro, cerca das 23h, quando mudei de posto no rádio e sem qualquer opção definida fiquei-me pela Rádio Capital. O que me despertou a atenção foi o nome do programa: Hotel Califórnia. Esta é sem dúvida uma das minhas canções favoritas de sempre, mas o programa em si é composto por bom rock. Ouvi um pouco de tudo, rock mais melodiosos, FM, mais duro e até rock sinfónico. Isto remeteu-me para o tempo em que gastava rios de dinheiro em Lp’s. Possuía uma vasta colecção de álbuns bastante eclética, delícia dos meus amigos que ocupavam o meu quarto para ouvirmos música. Lembro-me que escutávamos álbuns completos faixa a faixa e não apenas as faixas de sucesso como acontece actualmente. Nesses discos encontrei a minha formação musical e inspiração, foi daí que iniciei a minha caminhada como músico e compositor. Militei algum tempo em grupos que animavam os bailaricos, escola obrigatória para qualquer jovem iniciado nesta vida de saltimbanco. A maior parte do meu tempo como músico centrou-se em bandas de temas originais e tocando com músicos que sabiam mais do que eu, fui evoluindo em todos os aspectos incluindo na presença em palco. Nos anos oitenta ainda fiz muitas gravações com um amigo teclista, fazíamos sessões de dias inteiros, tudo de improviso, gravámos muita fita com essas divagações musicais, a maior parte perdida em qualquer canto pois não as encontro. Foi igualmente neste período que me dediquei à informática e me afastei da música. O regresso deu-se em 1992 com os Moloc. Tudo começou por acaso mas a verdade é que durou até 1994 e poderia ter continuado, mas não dependia só de mim. Nessa altura, finais de 94, comecei a tocar com o Tó Neto, estreei-me num espectáculo nas festas dos pescadores de Cascais, a minha colaboração com ele durou até 1997 altura em que entrei para a revista Promúsica como jornalista e especialista de instrumentos. Ainda assim participei em alguns projectos o de maior destaque foram os We Feel Good. Depois disso só esporadicamente voltei a estar em palco, sendo a última vez em 2002. Devido a vários condicionalismos por causa da minha actividade profissional abandonei aos poucos a música, excepção feita para um projecto que ainda hoje está por finalizar e que é uma colaboração com Álvaro M. Rocha, teclista, produtor e um músico das novas tecnologias electrónicas, uma pessoa com enorme potencial. Gravámos 4 temas que podem ser ouvidos na sua página da net, ficando de gravarmos o resto um dia qualquer. Ainda componho canções e toco em casa ou quando me junto com amigos, mas profissionalmente acabou, pelo menos para já. Diversos problemas pessoais retiraram-me a vontade de tocar, apenas a minha paixão pelas guitarras permanece inalterável e por isso encetei uma nova etapa desenhando modelos totalmente originais para um fabricante alemão que vai produzir alguns, o que me enche de alegria e orgulho.
A todos os que me têm pressionado, agradavelmente, para que volte a tocar quero dizer o seguinte: não digo que desta água não beberei, quem sabe o que o amanhã nos reserva? Estar em palco é para mim o expoente máximo da realização, sou um animal de palco. Tive muita gente que dizia que olhava para mim e parecia que eu fazia tudo parecer fácil, tocava de maneira relaxada e até me comparavam com o Keith Richards (Rolling Stones) na maneira de estar em palco. Nos inúmeros espectáculos do Ruína Bar tive até um músico americano que me disse que nunca perdia uma actuação minha e que até chegava mais cedo para arranjar lugar para me ver bem, pois que eu transmitia uma energia, uma forma de estar que era como se eu pertencesse ali, ao palco. Na verdade eu gosto de tocar ao vivo, vibro com cada tema e costumo dizer que a música é a minha droga. Não vejo a assistência, nem o resto dos músicos, sou só eu a minha guitarra e a música, uma sensação única e inimitável. Certas músicas fazem-me vibrar mais do que outras, exemplo disso é esta deste pequeno vídeo que coloquei aqui. É um tema do Tó Neto, mas tem qualquer coisa de especial, um cheiro a rock misturado com Santana, um tema que me faz vibrar.
Quero agradecer a todos quantos me apoiaram ao longo dos anos e a todos os que me incentivam a voltar. Para já não está nos meus planos, mas amanhã quem sabe?
Vídeo de Tó Neto e Oceânia (Tó Neto, Ilze Van Zanten, Marta Casado, Tomé e António Conceição) ao vivo, tema Magic City da autoria de Tó Neto.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Salvem os animais

Estamos a entrar naquele período crítico das férias e como todos sabemos é nesta época que se dão o maior número de abandonos. Tudo é muito engraçado até que o nosso animal de estimação parecer impedir-nos de ir de férias (o que não é verdade) ou cresceu demasiado e saiu fora do previsto logo está na altura do abandonar. Tudo desculpas pois na verdade essas pessoas querem-se é livrar do bicho de qualquer forma e mal arranjam um pretexto fazem-no. O pretexto serve apenas para aliviar a consciência e os remorsos, se é que os têm. Para mim quam é capaz de abandonar um animal do mesmo modo abandona um filho não vejo qualquer diferença e sou intolerante para com essas pessoas. Deveria de existir uma lei que punisse tais pessoas com pesadas multas e penas de prisão, mas certamente não será aqui neste país de brandos custumes e aonde tanto há por fazer.Os animais proporcionam momentos únicos de soliedariedade e companheirismo a toda a prova. Eles sabem como nos confortar ou respeitar o nosso silêncio, os nossos altos e baixos e tudo isso eles sentem. Tão vazia seria a minha vida sem os meus cães. Para mim são como filhos pois por eles sofro quando estão doentes, morro de saudades se estou longe e em momentos de aflição a angústia porque passo parece até um parto. Amo os meus cães e por muito trabalho que me possam dar Deus mos conserve por muitos anos pois a minha vida sem eles será muito mais sofrida. Graças aos meus canitos tornei-me um ser humano mais rico emocionalmente, mais tolerante para com os outros e mais feliz. Em determinado momento frio da minha vida emocional, o ter trazido estes seres para o meu convívio devolveu-me o calor e a alegria e até uma nova vontade de viver. Tudo isto foi extensível ao relacionamento com os outros.Por tudo isto o meu apelo para que nos revezemos na vigilância para com os prevericadores, na divulgação pública dos que abandonam os animais e no apoio às instituições que os recebem como a União Zoófila entre outras.
Todos juntos podemos fazer alguma coisa e não sermos mais uma voz calada na escuridão dos que cruzam os braços presos na impotência do esperar que as coisas, só por si, mudem.
Deixo aqui uma série de cartoons desenhados por mim e inspirados nos meus cães, alguns dos muitos que já tenho e espero editar um dia. Deixo também um vídeo com uma canção na qual participo e da qual gosto muito.
Que este ano aconteçam menos abandonos ou nenhuns são os meus votos.
PARA VEREM OS CARTOONS EM GRANDE BASTA CLICAR EM CADA UM DELES E ABRIR.
Tema: "Salvem os Animais" da autoria de Tó Neto, tocado ao vivo num programa com a banda Oceania (To Neto, Ilze Van Zanten, Marta Caiado, Tomé e António Conceição.

sábado, 19 de maio de 2007

Um momento para recordar

Foi em 1994, um cenário fabuloso, uma equipa de músicos e bailarinos fenomenal, um show que recordarei a vida inteira. Foi assim este programa do 123 em que participei. E um dos meus vídeos favoritos e como queria estrear o vídeo no blog nada melhor do que ser com um momento de que gosto e em que participei. Este cenário fabuloso que se vê foi totalmente destruído no final do programa para poderem montar o cenário do programa seguinte. Se eu tivesse casa para ele, na época, estaria hoje lá. Esta participação no programa 123 foi feita na promoção do CD Angola do músico/compositor Tó Neto com quem trabalhei como guitarrista durante 2 anos, o tema é o single "Gente D'Aqui da autoria de Tó Neto. Escolhi entre todos os vídeos que tenho, este reúne, música, cenário e o visual com que quase sempre fui conotado, o rocker motoqueiro, apesar de no vídeo a imagem ser muito pequena e com pouca resolução, ao contrário do original, existem partes em que apareço destacado e pode ver-se melhor o meu aspecto e cerca de 12 anos menos, reais, mas com aqueles cremes milagrosos que usam em tv pareço ainda mais novo he he he.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

O Meu "Meme"


Esta corrente foi-me passada pela Ana e sinceramente não fazia a mais pálida ideia do que é um “meme” tirando o “moi meme”. Para quem não sabe deixo aqui uma pequena explicação que copiei da Ana.

Um "meme" é um "gen ou gene cultural" que envolve algum conhecimento que passas a outros contemporâneos ou a teus descendentes. Os "memes" podem ser ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma. Simplificando: é um comentário, uma frase, uma ideia que rapidamente é propagada pela Web, usualmente por meio de blogues. O neologismo "memes" foi criado por Richard Dawkins dada a sua semelhança fonética com o termo "genes".

A vida ensinou-me muitas coisas com o decorrer dos anos. Ensinou-me que “Tudo tem consequências”, escolhermos bem as consequências serão boas, se escolhermos menos bem, menos boas as consequências. Também aprendi na vida que o amor, seja em qual das formas for, é das coisas mais importantes. Vivemos por amor, rimos por amor e por ele sofremos, mas jamais deixamos de amar de uma forma ou de outra. Aprendi ainda que o respeito e a disciplina são essenciais no dia a dia e no nosso relacionamento com os outros, sem eles tudo se torna mais complicado.
Todos nós de uma forma ou de outra sofremos ao longo da nossa vida “Dói Mas Não Mata” faz-nos crescer. Crescemos na busca por um ideal, um sonho, algo que pode ser até inatingível, mas só por tentarmos alcançar já estaremos na viajem do conhecimento e da aprendizagem. Aprendi ainda que os nossos queridos animais, para além de serem uma fantástica companhia, ajudam-nos a trazer à superfície o melhor do que existe em nós. Sem eles as nossas vidas são mais vazias, mais tristes. A vida dotou-me com várias ferramentas, a música, a escrita, a pintura, o desenho, tudo elementos de uma mesma corrente que se chama criatividade. Tudo o que vejo na minha cabeça consigo concretizar. Sou pois um afortunado, apesar de alguns amargos de boca que já passei e que foram muitos, demasiados. Mas, para terminar quero deixar um pensamento muito meu que é também uma afirmação: É nos outros que vem o meu mal, mas é neles que me realizo e encontro, eu sem os outros sou ninguém!
Passo este desafio a: Teresa, Van Dog, Diabba, Carracinha Linda

domingo, 13 de maio de 2007

Um homem, uma referência, um pai...

Hoje, sem motivo especial, dei por mim a pensar no meu pai. É curioso como apesar de terem passado 11 anos sobre a data da sua morte, a sua presença e influência ainda estão bem vivas em mim. O meu pai foi um grande homem em todos os sentidos e acho que lhe devo uma homenagem pois para além de meu pai ele foi um fantástico ser humano. Mas a história começa muito mais atrás…
O meu pai biológico abandonou a minha mãe ainda antes de eu nascer, ela tinha 19 anos quando eu nasci e foi recolhida por uma casal a quem eu viria a chamar tia e avô respectivamente. O meu pai (adoptivo) só surgiu na vida da minha mãe quando eu já tinha 3 anos de idade. Ele era fadista nas horas vagas e enfermeiro da Cruz Vermelha onde chegou a instrutor. Era aquilo que muitas mulheres consideravam um borracho, bonito, tipo atlético e sempre bem vestido. Ainda me lembro de ele se encontrar com a minha mãe no jardim em frente dos Jerónimos, trazia-me sempre um pacote de bolachas de baunilha, ainda hoje gosto delas. A verdade é que ele me perfilhou e desde então sempre me tratou como filho. Recordações? Tenho muitas. Desde ele levar-me com ele para o Bairro Alto aos fados onde ia cantar e quando eu adormeci trouxe-me ao colo até um táxi, na altura era caro. Dentro do táxi acordei “Olha o popó!”, ele já não teve coragem de sair e graças a essa aventura no dia seguinte teve que ir a pé para o emprego pois gastou todo o dinheiro comigo. Esta apenas uma das muitas histórias. Quando teve que me dar a primeira injecção tremia mais ele do que eu. Nunca deixou que nada me faltasse.
O meu pai era um desses homens capazes de fazer qualquer coisa pela família. Era um homem habilidoso e muito trabalhador. Não tardou muitos anos que tivesse uma casa de fados só dele, uma excelente casa para a família, carro e duas empregadas, uma apenas para cuidar de nós, eu e mais dois irmãos. Mas aí tudo mudou, as doenças chegaram e o meu pai para salvar a vida da minha mãe vendeu e empenhou tudo quanto tinha. Cheguei a vê-lo fazer saponárias na banheira para levar roupa lavada para a minha mãe, eu brincava aos barquinhos com os pedaços de sabão sem perceber o que se passava.
O meu pai era alegre, brincalhão e não havia um Carnaval que ele não se mascarasse de “Francesa Bêbada” como ele dizia, um penico atado com uma gravata servia-lhe de mala de mão. Muitas adversidades teve que enfrentar em conjunto com a minha mãe por causa de doenças, isto ao longo de toda a vida.
Viemos morar em Lisboa onde um dia com 32 anos foi internado com uma suposta gripe. Uma injecção estragada atirou-o para uma cadeira de rodas.
Qualquer outro teria desistido, mas ele não. Fez reabilitação em Alcoitão, jogou basket em cadeira de rodas, aprendeu a tricotar camisolas de lã numa máquina, ajudou a fundar um clube de futebol que ainda hoje existe e nunca deixou de acreditar que um dia voltaria a andar, infelizmente nunca o conseguiu. Era uma pessoa autónoma, vestia-se e lavava-se sozinho, ia para Lisboa tratar de assuntos disto e daquilo, e eu lá ia atrás com ele. Mais tarde arranjou um triciclo a motor e nunca mais parou. Lembro-me que ele tinha sempre um sorriso nos lábios, sempre uma piada para contar e era querido por toda a gente. Já mais velho apareceu-nos uma criança abandonada à porta, ele ganhou mais um filho e nós um irmão. Éramos quatro passámos a ser cinco. Ainda hoje somos cinco irmãos de plenos direitos.
O meu pai tinha coisas que eu herdei dele. Uma das suas frases era: “Quem tem deveres não dorme” – eu sou fiel a esse princípio. Nunca faltar ao trabalho numa segunda-feira, dizia ele que esse é o dia em que faltam os preguiçosos que andaram na borga no fim-de-semana. Também herdei dele o sentido da honra, do dever e do respeito para com os outros. Herdei a força face à adversidade e o espírito de nunca me render, este também o devo à minha mãe. O sentido de humor também veio dele. Em suma grande parte daquilo que sou devo-o a ele, graças aos princípios que cedo me incutiu ajudou-me a formar e definir um carácter que se mantém até hoje. Foi um grande homem e um grande pai. É nele que busco referências para educar os meus filhos e se conseguir ser um pouco só como ele foi tenho a certeza que serei um bom pai. Foi com ele que aprendi a nunca bater nos meus filhos ( a minha mãe era mais de bater), o meu pai conversava comigo e depois de me explicar as coisas impunha um castigo que era cumprido.
Os anos passaram e tivemos muitas divergências, ele queria o melhor para mim, eu queria fazer e fiz asneiras. Fui para a música ao contrário do que ele desejava que fizesse que era tirar um curso. Muitos anos mais tarde pediu-me uma cassete das minhas músicas e ouviu aquele rock barulhento de princípio ao fim. No final deu-me os parabéns. Foi o meu disco de platina aquela aprovação. Viu-me na TV, infelizmente nunca me viu tocar ao vivo.
Um dia, contrariamente a tudo o que sempre professara quis casar com a minha mãe pela igreja, viveram juntos 23 anos antes desse evento. Foi muito engraçado os filhos todos na primeira fila a assistir ao casamento dos pais. Momentos inolvidáveis.
Foi-lhe diagnosticado um cancro nos intestinos e gradualmente a doença tomou conta dele. Fez inúmeras intervenções cirúrgicas, a cada uma ele acreditou que ficaria melhor, entrava sorridente para a sala de operações e de lá saía sorridente. Na última operação fui buscá-lo ao Egas Moniz e quando o vi percebi que o fim estava próximo. Aquele homem de porte atlético estava pele e osso, a voz já mal se ouvia, só o sorriso e o brilho dos olhos eram os mesmos. Alguns meses mais tarde deu entrada no Hospital de Cascais e dia sim, dia não a minha mãe avisava-nos para que fossemos lá pois a hora não tardava. Este impasse durou semanas. No dia 12 de Março eu tive que embarcar para Frankfurt ia em trabalho para a feira da música ao serviço de uma empresa. Na véspera fui ao hospital eram cerca de 22h. Aproximei-me da cama, o meu pai já não falava, abriu os olhos e quando me viu sorriu, com dois dedos trémulos segurou o meu dedo, nos seus olhos aquele brilho que eu tanto admirava, a mesma força e aquele sorriso que nunca o abandonou. Não falámos, dissemos tudo com os olhos, ele adormeceu e eu fui embora. Quatro dias depois dia 15 de Março, em Frankfurt, estava na hora do jantar e eu acabara de escolher a comida, meu telemóvel tocou e veio a notícia, acabara de falecer o meu pai com o mesmo sorriso com que vivera. Tentei voltar mas não havia vagas em avião nenhum. O meu filho fizera anos no dia anterior que ironia. Pensei no que o meu pai gostaria que eu fizesse se me estivesse a ver, ele certamente gostaria que eu terminasse o trabalho que viera para fazer, foi o que fiz. Cheguei a Portugal no dia 17 à noite, o meu pai fora a enterrar nessa manhã e eu nem aí estive presente. Encontrei-me com a minha mãe no dia 18, dia dos meus anos, parecia que tudo estava igual e que o meu pai fora apenas dar uma volta. Ainda hoje sinto a sua presença e a sua força, aquele sorriso e o brilho dos seus olhos, as suas palavras, sinto a sua falta para me ouvir e dar conselhos, o quanto gostava de lhe ter dito e não disse. Na verdade hoje eu sei que tive o melhor pai do mundo e vivi com o maior dos homens, o meu pai.

O Cartoon que se segue


sexta-feira, 11 de maio de 2007

As estradas do meu caminho

Todos temos várias opções na vida e na maior parte das vezes, nem sabemos porque escolhemos umas em detrimento das outras. Escolhemos as que nos parecem mais certas, mesmo que depois se venham a revelar erradas. Mas também não é menos verdade afirmar que é das coisas certas e das menos certas (odeio dizer erradas) que trilhamos o nosso caminho e fabricamos o nosso destino. Pela parte que me toca fiz muitas escolhas, passei por muitas áreas diferentes, umas vezes por opção natural, outras vezes empurrado pelas circunstâncias (engravidar alguém é uma circunstância não é?). A verdade é que me casei com 24 anos (separei-me aos 25 uma boa média), era novo, mas responsável. Em breve nasceria o meu filho, hoje tem precisamente a idade que eu tinha quando casei com a mãe dele. Bem, tudo isto para explicar que por sugestão do meu sogro eu fui trabalhar para a empresa dele, área das obras públicas, mais concretamente construção e recuperação de estradas. Imaginem bem um jovem músico e que trabalhara também na Indústria Hoteleira (mãos de luva) passar para o balde de massa e para a pá e picareta.
Os meus cunhados apesar de até simpatizarem comigo (simpatizavam menos com a irmã), achavam que eu, um menino de bem, não aguentaria o esforço e a dureza das obras e em menos de um mês fugiria a sete pés. Enganaram-se! Confesso que não foi fácil, passei um mau bocado e sofri bastante no começo, mas com o tempo adaptei-me e é bem verdade que o corpo humano resiste mais do que possamos pensar. Foram seis meses a dar serventia a pedreiros em que aprendi muita coisa nova e me inseri num mundo de homens duros e cépticos a muitas das coisas que para mim eram certas. Imaginem que alguns deles achavam que o homem ter estado na Lua era falso. Argumentavam eles que se havia filmes de naves e cenas do espaço sem essas coisas existirem aquilo da ida à Lua tinha sido filmado da mesma forma. Argumentar o quê!?
Há época eu era muito magro, esquelético até se quiserem e por isso mesmo ganhei a alcunha do “Meia Pele”, nome pelo qual sou conhecido entre eles até hoje, pelo menos dos que ainda lá trabalham e assim se referem a mim quando o meu filho aparece por lá. Homens duros mas sãos de espírito, alguma malícia sim, mas maldade não lha encontrei. Neste tempo passei alguns dos dias mais felizes da minha vida em termos laborais. Trabalhava ao ar livre, sentia-me vivo, em forma, bronzeava-me cedo nos três anos que lá passei, os meus cabelos nas pontas ficavam louros queimados pelo Sol. Sentia-me saudável e isso fazia-me andar alegre e feliz… na verdade sinto saudades desses tempos tão distantes, mas pela memória tão perto.
Passados seis meses na serventia e uma vez que resistira, os meus cunhados enviaram-me para aprender a operar com máquinas, os Dumper, uns tractores engraçados que servem para carregar materiais e são um pouco complicados de conduzir – quando viramos o volante para a esquerda o Dumper vira para o lado direito e vice-versa. Querer endireitar um veículo destes em andamento depois de perdermos a noção do equilíbrio e direcção é obra, que o diga o poste de iluminação em que acertei da primeira vez. Depois dos Dumper seguiram-se as Retro escavadoras e a espalhadora de alcatrão. Foi um percurso interessante por uma área diferente de todas as que experimentei na minha vida e dessa passagem ficaram algumas histórias como as que aqui deixo.

Ser doido ajuda!
Pouco tempo depois de ter andado a aprender a ser maquinista (trabalhar com retro escavadoras) fui deixado sozinho no meu primeiro trabalho. Esclareço que aprender significou estar sentado ao lado de um operador a olhar para o que ele fazia, uma semana e estava feito um novo maquinista. Olhei para a máquina e pareceu-me enorme, mas eu gosto de coisas novas e por se tratar de uma coisa com motor e rodas era meio caminho andado para me sentir em casa, isto aliado ao factor risco eram um convite demasiado apelativo para que eu recusasse.
No meu baptismo como maquinista foi-me destinado abrir uma vala ao longo de vários metros na beira da estrada. A máquina posicionava-se sobre o trajecto, aquele enorme braço hidráulico existente na parte traseira da máquina escava em quanto a estrutura da máquina assenta em duas colunas igualmente hidráulicas que servem de sapatas mantendo-a estável. Eu disse estável? Experimentem trabalhar com uma e saberão que naquelas máquinas a palavra estabilidade é um conceito relativo. Saltos, deslizes laterais e solavancos de toda a espécie são o pão-nosso de cada dia neste trabalho. Saltei da máquina e fui ter com o meu instrutor reclamando de tudo isso e perguntando se estaria a fazer tudo certo. A resposta dele foi – meu amigo para trabalhar com máquinas tem que ser-se doido ou nem lhes pegamos. Aquilo para mim foi a gota de água, um desafio? Ele não me conhece, dizer-me uma coisa daquelas é o mesmo que acender o rastilho a um barril de pólvora. Não demorou muito tempo em me tornar o mais doido maquinista da empresa: desde entrar por buracos a dentro, fazer cavalinhos com a máquina, subir o braço traseiro a 4 metros de altura e dançar com a máquina lá no alto no mais completo risco fiz de tudo. Isto desnecessariamente pois trabalhar com estes brinquedos já contém risco mais do que suficiente, as pessoas nem imaginam. Tive muitas situações difíceis, aquelas em que julgamos não escapar e mentalmente rezarmos a última oração enquanto de forma puramente mecânica efectuamos todas as operações para nos livrarmos. Mas apesar do risco também temos situações caricatas como esta que relato de seguida.
Um dia estávamos nós nuns terrenos a desbravar caminho para fazer uma estrada e foi necessário carregar umas pilhas de toros de madeira num dos camiões. O dia apresentava-se chuvoso e não tardou que caísse aquela chuva miudinha que chamamos de molha-tolos, eram umas 9h da manhã. Chovera a noite toda, o piso estava lamacento e a máquina rodava com alguma dificuldade. Os meus colegas em pé iam carregando os toros no balde da frente da máquina e depois eu despejava tudo na caixa de carga do camião. Repetimos a operação vezes sem conta até o camião estar completo. Olhando em volta verificámos que bastava mais duas cargas e não restaria madeira nenhuma ficando o trabalho concluído, o pior é que não havia mais espaço no camião. Aí tivemos uma brilhante ideia: com uns paus entalados na parte lateral dos taipais do camião e apontando para o céu (fueiros assim se chamam na Beira Baixa), poderíamos carregar o resto. Esquecemos um pequeno detalhe, quando eu elevasse o balde da máquina aquela altura, este nunca poderia estar cheio pois a carga de cima cairia projectada na minha direcção e foi o que aconteceu: perante o espanto, gritos de aviso – foge! Foge que morres. Cobri a cabeça com o braço enquanto os toros de madeira caiam com um ruído surdo por todos os lados à minha volta, milagrosamente não me tocando mas amachucando a chapa da máquina, eu não podia fugir nem deter aquela massa de madeira encharcada que me caía em cima vinda de todos os lados. No final escapei sem um único arranhão e rindo à gargalhada, coisa que fiz durante todo o desenrolar da situação.

Sob os pés…nada!
Quando não havia serviço para a máquina eu por vezes acompanhava os motoristas aos locais de descarga e voltava com eles. Naquele dia de intensa chuva foi a minha opção para não ficar ali à espera. Fomos descarregar umas coisas à Pedreira. A Pedreira consistia num fosso enorme com um diâmetro de mais de um quilómetro de onde se extraía a pedra à custa de explosões. Do centro do buraco subia uma estrada que no topo ficava a setenta metros de altura, foi por ela que subimos quando terminámos de descarregar. Já lá no alto eu apercebi-me que o potente camião se movia mas não saíamos do mesmo lugar e comentei isso com o motorista. Aí ele pediu-me que abrisse a porta do meu lado, saísse e verificasse se as rodas estavam atascadas impedindo o veículo de se mover. Normalmente eu abria a porta, apoiava uma mão na porta e outra no assento e saltava directo para o chão sem tocar nos estribos, felizmente naquele dia, nem sei porquê, não fiz isso, se fizesse teria voado setenta metros e não estaria agora a contar a história. Todo o meu lado se encontrava suspenso no ar sobre o enorme buraco da pedreira, por milagre ainda não tínhamos caído. COM muita calma fui deslizando sobre o banco até ao lado do condutor, ambos descemos muito lentamente para o estribo e saltámos para a estrada. Como o camião não caiu, fomos buscar duas máquinas de lagartas e voltámos a colocar o camião em segurança. Foi apenas mais um susto num qualquer dia de trabalho.
Fiz muitas mais coisas naquela época, aprendi a trabalhar com explosivos, a espalhar alcatrão para fazer aqueles tapetes em que rodam os nossos carros, aprendi que se pode andar feliz no trabalho não obstante a dureza do mesmo e aprendi que a pessoas são maravilhosas na sua diversidade: o que é mera banalidade num qualquer escritório pode ser difícil de acreditar para quem trabalha nas obras e o contrário também se verifica. Moral da história: será que os homens foram mesmo há Lua ou não passou tudo de um bem feito filme de efeitos especiais? Se alguém souber a verdade diga-me.



CARTOON

Tal como prometi um cartoon por post

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Diz-se viajar, lê-se Highway Wonderland

O percurso era longo e cheio de traços brancos iluminados pelos faróis, no leitor de CD iam passando algumas das minhas músicas favoritas para andar na estrada, neste momento tocava Judas Priest “Headding Out To The Highway, ajeito o volante de acordo com a trajectória, enquanto vou abanando a cabeça ao compasso da música. A noite está amena, o céu limpo deixa-me ver as estrelas, são 4h da manhã e quase não se vêm carros a passar. Espalhados pelos bancos do mono volume os restantes 3 companheiros de viajem dormem, se calhar acreditando que ainda estão na cama. Por mim podem dormir à vontade, melhor assim, sou eu, a estrada, o motor e a música, nada me faz mais feliz do que ir pela estrada fora. Mais quilómetro menos quilómetro e começo a vislumbrar aquilo que são os postos de controlo fronteiriço, Elvas ficou um pouco para trás com pena minha pois gosto da cidade. Atravesso a linha divisória e já começo a ouvir aquele “faladrar” característico das terras espanholas. Não que deteste toda a Espanha, até gosto do País Basco que gosta tanto de espanhóis quanto eu. Um café mais ou menos decente, ainda estamos perto do nosso burgo e os fulanos aprenderam connosco o que é uma bica bem tirada. O restante pessoal continuava a dormir, não faz mal, peguei de novo no volante e saí ao som de ZZ Top “Tush”, vamos lá a agitar o espírito. A estrada pouco difere das nossas actuais, uma boa auto-estrada, boa pista, iluminação e aqueles campos imensos, desertos, pontilhados aqui ou ali por umas casas. Madrid aqui vamos nós. A música não pára e eu também não, Joe Satriani “Surfing With The Allien”, Iron Maiden “Run To The Hills e AC/DC “ Highway To Hell”, isto é que é vida. Ainda faltam umas horas, algumas paragens, uns quantos cafés bem temperados com outros tantos cigarros. Uma garrafa de água, sandes e fruta sempre à mão, eis tudo quanto preciso para viajar. A Galaxy devora os quilómetros, 120, 180, 200Km por hora e mais uma música Judas Priest “Breaking The Law, meu Deus como eu adoro isto. Estas são as viagens que nunca fiz com nenhuma namorada, as mulheres na generalidade gostam de viajar mas com todas as comodidades. A paisagem mantém-se, um pouco mais clara com o amanhecer e parece quase de propósito que quando estamos a chegar a Madrid o que toca no CD é Blackfoot “Good Morning”. Aumento o volume quase no máximo e acordo a rapaziada, paramos para as usuais mijas de viajante, uns gracejos nada honrosos para os espanhóis e vamos tomar um pequeno-almoço à beira da estrada, na verdade num desses postos de apoio das auto-estradas. Atesta-se os depósitos, o do carro também e voltamos ao caminho, próxima paragem Burgos. Os meus companheiros, lentamente, voltam a adormecer, 7h da manhã para eles não é uma hora decente para se estar acordado.
A estrada para Burgos faz-se num instante, algumas horas e já estava a caminho de Vitória, a música agora é Whitesnake “Here I Go Again”, na verdade faz 15 anos que, ritualmente, por esta altura faço a viajem Lisboa/Frankfurt. Já a fiz pelo norte, centro e pelo sul, qualquer uma delas maravilhosa, muito embora pelo sul seja mais dispendioso, no sul é tudo mais caro. Mas todas estas viagens tiveram como objectivo estar na Frankfurt Messe, a maior feira da música na Europa. Lá existe de tudo o que se relacione com a música, instrumentos, peças, livros e ainda espectáculos ao vivo e os artistas mais famosos do mundo inteiro encontram-se lá pelos corredores e pavilhões. Tudo isto passa pela minha cabeça enquanto olho para a paisagem. O País Basco é a zona mais industrializada de Espanha e isso vê-se desde a estrada. Vitória é uma cidade enorme, mas eu só me acalmo quando surgem os primeiros cartazes a dizer Donóstia que em Etarra quer dizer San Sebastian. Esta cidade faz-me lembrar Cascais. Tem uma bonita marginal e uma baía fabulosa, nunca me canso de aqui vir. Escuto um tema dos Aerosmith “ I don’t Want To Miss A Thing” enquanto os meus olhos ávidos miram tudo como que a matar saudades e simultaneamente a certificarem-se que está tudo igual ás minhas recordações dos anos anteriores. Todo o mundo acordado, fomos dar uma volta pelos arredores. O tempo voa quando nos divertimos e a verdade é que acabámos por almoçar por ali mesmo. Já eram 14h quando voltámos à estrada, o som mudou entretanto, mais calmo, Scorpions “Always Somewhere”. Deixei-me embalar e adormeci. Em breve atravessaríamos para França, longas horas em terras francesas, os castelos do Loire, a cidade tecnológica, Paris. Aí pararíamos de certeza, é a minha cidade favorita. Depois seria Reims, Metz e a entrada na Alemanha. Umas quantas horas mais e chagaríamos a Darmstat, Mainz e Wisebaden a 20km de Frankfurt. Um bom banho, lavar as vistas pelas garotas locais, algumas bem feiinhas valha-nos Deus, umas salsichas e canecas de cerveja. Ainda me ecoa na cabeça a canção que tocava no CD quando chegámos: Alice Cooper “Welcome to My Nightmare”, mas na verdade este é o tipo de pesadelo que eu gosto. Cansado? Sim muito, mas a adorar cada minuto da viajem.
Neste momento só escuto as músicas, o barulho do motor na minha cabeça enquanto no pensamento surgem rostos, imagens e sentimentos que eu junto numa canção

Hit the road

The motor’s runnin’
There are clouds above my head
I’m ready to start the journey
To the path that leads out there.

My soul is full of deamons
From all those days of my life
But my heart can’t stop beating
Ready for another ride.

(Chorus)
Should I Given up
Shout and hit the road
Should I stand and face the pain
Sould I stay or go.

I shake my head with pride
I just straigthen up my body
Open road is awaiting me
Is just time to stop the crying

Sometimes life’s a bitch
But we learn and figure out
Sometimes things work diferent
Maybe sometimes not

(Chorus)

I believe in dreams
Believe in the strength of my heart
Love can be anywhere
Let just follow the road for start


PS nostalgias à parte eu vou iniciar aqui uns cartoons que baptizei de Afgholic Rock. O roqueiro é uma caricatura de mim próprio e o afegão são os meus dois canitos, a minha consciência. Em cada novo post, no final, incluirei um. Divirtam-se