terça-feira, 26 de junho de 2007

Nove anos... uma vida demasiado rápida.

Olhando no tempo e no muito que se passa em nove anos, achamos que é muito tempo, mas quando se atinge uma certa idade, a realidade mostra-nos que a vida passa tão rápido que quase nem damos por isso. Ainda me parece que foi ontem que fomos, eu e a Kuska, buscar os nossos canitos. A realidade diz que foi há nove anos feitos agora em Junho. Eles nasceram em 19 de Abril de 1998 e dois meses depois estavam connosco. Tivemos muitas peripécias ao longo destes anos, umas menos angustiantes do que outras.

O Ikbal (o mais clarinho) era terrível. Quando íamos viajar ele entrava prontamente no carro, mas uma vez a viatura em movimento desatava a ladrar e até a querer morder quando o tentávamos acalmar. Sempre foi um cão muito ansioso. Desde assaltar a dona com uma fúria feita de alegria e provocação a desenraizar todas as plantas dos vasos, não houve nada que ele não fizesse. A personalidade do Ikbal é única. Ansioso, nervoso até, mas doce como o mel, meigo, um eterno bebé. Parece sensitivo pois adivinha as coisas mesmo antes de falarmos. Desobediente. Nós falamos com ele e vira a cara para o lado como quem diz – fala para aí que eu não estou cá. Uma característica interessante consiste no facto da pele dele ter um cheiro perfumado, mesmo quando está sujito, apenas alguns cães têm esta característica, isto nos afegãos, nas outras raças não sei.

Para o Ikbal banho e escova são uma tortura e vai de ganir parece até que lhe estão a fazer algum mal. Tem muitas cócegas. Está sempre atento e preparado para fugir ao menor sinal de desconfiança, seja para o banho seja para tomar um remédio. Se lhe cheirar a petisco não deixa ninguém em paz corre a mesa toda. Adora sair, uma corrid é o seu maior prazer e brincar, brincar sempre.

O Bahari (preto e prata) é o sr. Cão em pessoa. Muito senhor do seu nariz, gosta de estar deitado no seu canto, não perdoa a comidita nem por nada e é um cão de rotinas. Aprecia fazer o seu passeio sempre pelo mesmo trajecto e quando termina vira-se para a porta como que a dizer – está na hora da minha cama. É calmo, adora tomar banho, ser escovado e muitas festas, tirando isso não liga a nada. Tem uma personalidade vincada que faz com que os outros cães fiquem à distância. Mas é igualmente meigo sem grandes demonstrações.

Muito teimoso e maníaco com cheiros, arrasta qualquer um por causa de um cheiro e não arreda pé até cheirar tudo bem cheirado. É um companheirão em todos os momentos.

Hoje apercebemo-nos de que eles já estão velhotes, mais calmos, já não correm tanto quanto antigamente. Passou depressa, muito depressa. Mal demos pelo tempo. As preocupações, os medos, as inseguranças. Recordamos os momentos mais dramáticos pois também os houve, as alegrias que são tantas. A visão deles a correr com as irmãs naquela praia do Valmitão em Ribamar, Lourinhã. Soltos no vento galgando metros de areia ao som das ondas espraiando-se na areia.

Como passou tanto tempo tão depressa? Não sabemos. Na verdade o que descobrimos foi que tudo passou tão rápido que até parece um sonho.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Nomeações...

Está na hora de responder a quem tão atenciosamente me nomeou e fazer as minhas nomeações, por isso colocando cada coisa no seu lugar e independentemente de aceitarem e darem continuidade ou não, é opcional, aqui ficam as minhas nomeações em ambas as categorias.

Dog Lover Blog
Quero agradecer à Kuka Girl por se ter lembrado do meu espaço e me ter nomeado, fico-lhe muito grato. As minhas nomeações são as seguintes:

Van Dog
Caniche Vagabundo

Miss Cléo
O Canto de Pandora
O Inferno Da Diabba



7 Maravilhas de Blogosfera

As 7 Maravilhas da Blogoesfera.

Regulamento

1. Podem participar na votação todos os bloggers que mantenham blogues activos há mais de um mês [os outros esperem por outra ideia brilhante que alguém irá ter].
2. Cada blogger deverá referenciar sete nomes de blogs. A cada menção corresponde um 1 voto.
3. Cada blogger só poderá votar uma vez, e deverá publicar as suas menções no seu blog [da forma que melhor lhe aprouver], enviando-as posteriormente para o seguinte e-mail:
7.maravilhas.blogoesfera@gmail.com. No e-mail, para além da escolha, deverão indicar o link para o post onde efectuaram as nomeações. A data limite para a publicação e envio das votações é dia: 01/07/2007.
4. De forma a reduzir alguns constrangimentos [e desplantes], e evitar algumas cortesias desnecessárias, também são considerados votos nulos:
- Os votos dos blogger(s) em si próprio(s) ou no(s) blogue(s) em que participa(m);
- Os votos no blog O Sentido das Coisas.
No dia 7.7.2007 serão anunciados os vencedores e disponibilizadas todas as votações.


Obrigado Van Dog sinto-me muito honrado com a nomeação e aceito-a com prazer, muito embora não considere o meu espaço uma maravilha quando comparado com outros que visito. As minhas nomeações vão para:

O Inferno da Diabba
O Cão Merdok

O Blog que era para não ter nome mas teve
Fora dos Eixos
Edições Banais
A Gota de Ran Tan Plan
O Cantinho da Anokas

E assim fica concluído o processo das nomeações que obedecem a um critério muito pessoal. Nestas coisas, tal como acontece com outras, ou se gosta ou não se gosta, o problema é a escolha.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

A guitarra sempre em tranformação

Já anteriormente falei de guitarras neste blog, muito embora num outro contexto e com objectivo diferente. A razão deste post prende-se com a criatividade, o design e a evolução do tradicional para o futurismo.

Tanto quanto se sabe a guitarra é um instrumento com pelo menos 5 mil anos ou assemelha-se a instrumentos existentes na Ásia Central e que aparecem retratados em antigos alto-relevos e estátuas Persas. A irmã mais próxima da conhecida guitarra acústica dos nossos dias surgiu por volta do século IX em Espanha. Não se sabe muito bem toda a história deste instrumento muito embora as duas teorias mais em evidência centram-se nos períodos romano e o árabe.
Segundo alguns historiadores a guitarra deriva de um instrumento grego denominada Khetara que os romanos adoptaram chamando-lhe cítara ou fadícula. A sua introdução na Península Ibéria ocorreria por volta do século I sob o império de Roma. Muito embora o instrumento em questão fosse muito semelhante à lira as duas hastes de lira fundiram-se formando uma caixa acústica e foi-lhe posteriormente acrescentado um braço com 3 cravelhas, braço esse que tinha divisões transversais, trastes.

Como segunda hipótese alvitra-se que a guitarra deriva directamente de um instrumento árabe conhecido por alaúde, nome originado da palavra al ud que significa a madeira. Teria sido durante as invasões árabes que o instrumento chegou à Península e por cá ficou enraizando-se na cultura. A verdade é que existiam alaúdes nas cortes de diversos reis e os trovadores são retratados empunhando alaúdes. Na minha modesta opinião e sem qualquer tentativa de me afirmar como especialista, tendo construído várias guitarras e conhecendo o alaúde quase afirmo serem farinha do mesmo saco, mas é apenas uma opinião.

Questões históricas à parte, a verdade é que a guitarra se espalhou pelo mundo inteiro e rapidamente se popularizou. Este instrumento acompanhou as diversas correntes musicais de cada época e ajudou a perpetuar alguns como o flamengo, por exemplo. Por volta de 1930 a Rickenbacker criou o primeiro captador magnético (pickup) e nasceu a guitarra eléctrica chamada Frying Pan ( frigideira).

Os anos seguintes foram de constante evolução e várias foram as marcas que se destacaram, mas em termos de relevo duas revolucionariam para sempre a guitarra eléctrica e entrariam na história como ícones. A Fender com a sua Stratocaster e a Gibson com a Les Paul. Dois modelos de corpo sólido que originaram milhões de cópias e do qual descendem praticamente todos os modelos actuais. Apesar da Stratocaster ser até hoje o expoente máximo pois as suas características e design ainda continuam actuais, é guitarra mais usada em publicidade e é a mais conhecida em todo o mundo.
Depois da Fender e da Gibson outras marcas avançaram também com as suas próprias ideias e de modelo em modelo as novidades foram surgindo. Cronologias à parte se a Fender inventou os captadores simples (single coils) a Gibson inventou os duplos (hambuckers) e posteriormente alguns Luthiers independentes foram inventado o resto.

Talvez a primeira personalização tenha sido ao nível da pintura dos instrumentos, os finais dos anos sessenta com a cultura Hippie foram pródigos nessa matéria. Por volta de 1970 Larry DiMarzio cansado do som do seu captador PAF da Gibson resolveu basear-se nele para criar o Super Distortion um captador mais potente, semelhante ao modelo que usou como ponto de partida e que podia instalar-se em qualquer guitarra. Este produto teve tanto sucesso que originou a DiMarzio Inc. Estava inventada a indústria dos captadores e não tardaram a surgir novos fabricantes e ideias originais. Floyd Rose inventou o tremolo flutuante de duplo travamento, dispositivo que ostenta o seu nome e que veria a sua utilização em massa durante os tempos áureos da guitarra dos anos oitenta.

E tem sido assim até aos nossos dias de invenção em invenção, de inovação em inovação, a guitarra tal como a conhecíamos nunca mais foi a mesma, muito embora continue a existir muito tradicionalismo e não menos revivalismo no que respeita à indústria e consumidores.
Ao longo dos anos a oferta aumentou significativamente e os preços das guitarras tornaram-se mais acessíveis. O poder de compra também aumentou e isso permitiu que se abrissem novas frentes de negócio. Durante os anos oitenta assistiu-se a uma revolução no que diz respeito à forma de tocar, ao som e também à personalização de instrumentos. Marcas como a Charvel, a Jackson e a Ibanez expandiram os horizontes da guitarra e em colaboração com uma nova vaga de jovens músicos criaram verdadeiras pérolas da indústria. Jimi Hendrix foi e ainda é o mago da guitarra eléctrica, mas durante os anos oitenta Eddie Van Halen com o seu estilo personalizado abriu as portas a novas correntes. Foi nesta época que surgiram nomes como Randy Rhoads (já falecido) que juntou escalas de clássico ao heavy metal, Yngwie J. Malmsteen o expoente máximo da velocidade e música clássica na guitarra eléctrica, Steve Vai o alien, Steve Morse o guitarrista mais completo à face da terra e a lista continuaria infindável.

Para resumir, hoje tudo se faz em guitarra, novos materiais, a possibilidade de desenhar ou construir o nosso próprio modelo, pinturas extraordinárias: cada instrumento é uma obra de arte.
Perguntarão muitos de vós: Tudo isto só para fazer música?
É verdade. Tal como personalizamos a nossa casa, os nossos carros e muitas outras coisas, também em certas áreas da música a personalização é um ponto de honra onde se cruza o tradicional com o mais puro futurismo, mesmo que nem sempre o mais prático.

domingo, 17 de junho de 2007

O Rock também é das mulheres

O rock musculado e duro sempre foi uma área mais explorada pelo elemento masculino, mas isso não quer dizer que as mulheres deixassem de fazer incursões nesses terrenos. Normalmente o papel feminino nas bandas de rock estava confinado a serem vocalistas ou fazer parte dos coros e nada mais. Mesmo assim nem em todos os géneros era aceite uma mulher, o Hard Rock e o Heavy metal eram a música dos machos e ponto final. Gradualmente as coisas foram mudando…












Nos finais dos anos sessenta Janis Joplin tornou-se um ícone e emancipou o papel da mulher no rock. Muito embora a área dela fossem os blues muitos dos temas hoje incluem-se numa vertente bem mais forte. Graças a Janis muitas garotas começaram a despontar para a música enquanto outras já lá andavam. Falar de mulheres no rock obriga a mencionar nomes como Tina Turner ou até mesmo Cher, verdadeiras percursoras daquilo que se seguiria e que ainda hoje se mantêm bastante activas.



Na década de setenta estávamos em plena expansão do rock e no vértice da explosão de bandas de todo os géneros dos Kiss aos Deep Purple nasceu de tudo um pouco. Foi a era do Heavy Metal (primeira vaga), o Hard Rock, Country Rock e até do rock sinfónico, era rock para todos os gostos. Foi durante estes anos que surgiu a primeira banda totalmente feminina, The Runaways (Sandy West - Joan Jett - Cherie Currie - Lita Ford). A força do grupo assentava nas guitarras de Joan e Lita, sendo que a primeira era a vocalista de serviço. O grupo teve uma carreira bastante recheada de sucesso até à sua separação. Joan Jet funda os Blackhearts e segue em frente o mesmo faz Lita Ford, ambas ainda no activo. As Runaways vieram demonstrar que as mulheres podem fazer bom rock, mesmo duro, e tocam instrumentos tão bem como qualquer homem, até aqueles que eran domínio masculino, como a bateria. No campo das bandas femininas ainda me merece destaque os Heart, as manas Wilson que apesar dos anos continuam a fazer bom rock.




Desde há muito que era frequente ver-se uma mulher acompanhada da sua guitarra acústica, mas eléctrica era uma raridade. Talvez Lita Ford tenha sido a que melhor demonstrou saber como usar uma guitarra eléctrica e ganhou o respeito dos homens por isso.
Abertas as portas os finais de setenta e todos os anos oitenta assistiram ao emergir de uma nova vaga de mulheres no rock desde guitarristas a vocalistas elas ocuparam o seu espaço e deixaram a sua marca na história. Lembro-me das Rock Godess, Lee Aaron, Pat Benatar, Vixen, Suzy Quattro e por cá os Roquivários com a Midus no baixo e voz, estas as mais antigas cujas carreiras ocuparam os anos oitenta com o ressurgimento do rock mais pesadote e da rainha guitarra. Foi o despontar de excelentes guitarristas femininas, Jennifer Batten um dos exemplos mais fulgurantes e cuja técnica de execução deixa muitos homens de olhos em bico (e uma conhecida foto promocional dela também he he he). Durante muito tempo ela é a guitarrista de referência de Michael Jackson, anos mais tarde integraria a banda de Jeff Beck.


Os anos noventa trouxeram novas bandas femininas: Veruca Salt (o meu coração ainda suspira pela minha amiga Louise), L7, Anti-hero, Jaggedy Ann e cá no burgo as Black Widows. O conceito de só para macho desapareceu e há cada vez mais mulheres (Graças a Deus, antes eram só cabeludos e barbudos) a tocar em bandas. É certo que o rock pesado ainda contém muito de masculino, mas as coisas já não são o que eram. Perdoem as omissões pois muitos mais nomes haveria para acrescentar e muito mais para ser dito, mas isso não seria para um post pois ocuparia um livro inteiro.



ADENDA

Não poderia acabar este post sem uma enorme referência: CAMERAMAN METÁLICO


Ele é o fotógrafo português mais conhecido internacionalmente no mundo da música e dos músicos. O António Melão já andava de máquina em punho no concerto dos Genesis e daí para cá nunca mais parou. Em 1987 adopta o nick pelo qual é conhecido e desde então tem sido um corropio de fotografar cá pelo burgo e por esse mundo fora. Um concerto, showcase, uma banda que precisa de fotos, podem contar com o Cameraman Metálico. Meu amigo, meu companheiro de muitas aventuras passadas e sabe-se lá as que estão para vir, admiro a pessoa, o seu trabalho irrepreensível e fabuloso, mas acima de tudo admiro aquele que com o seu espírito nos faz sentir bem. É engraçado como este "jovem" consegue estar lá na frente de qualquer banda e abanar-se entusiasticamente ao sabor da música, vibra, faz parte da própria multidão e ao mesmo tempo diferencia-se pela capacidade que tem em entusiasmar os outros. Vi o Camera pedir muitos autógrafos a gente famosa, mas o que mais me espantou é que muitos famosos quiseram o autógrafo dele e isto já para não falar nas dezenas de pessoas que quando o reconhecem nos concertos lhos pedem. Este rapaz é uma estrela por si só.


As fotos que aparecem mesmo no final do post são dele, do seu arquivo pessoal e que gentilmente me cedeu. Tenho muitas fotos do Camera, uma parede delas, são o meu contributo para com os muitos momentos que partilhámos. Espero um dia escrever o livro com todos esses relatos e outros ilustrado com as fotos do Camera. Por tudo eu lhe agradeço aqui publicamente com um grande abraço


Aqui vos deixo uma foto do Cameraman Metálico na companhia de um Franciscano, estava certamente a confessar-se para cumprir uma penitência no mínimo de 3 cervejolas e uma sandocha de torresmos.